LCC n’O Primeiro de Janeiro
O seguinte artigo apareceu no Dossier “Igrejas Evangélicas em Portugal 6“, do Jornal O Primeiro de Janeiro de 18 de Fevereiro de 2007.
Igreja Logos Comunhão Cristã
20 anos influenciando gerações
Instalada no coração de Lisboa, a Igreja Logos Comunhão Cristã, tem como seu paradigma o conceito de uma Igreja não só centrada em si mesma, mas virada para o exterior, para a sociedade portuguesa e para o mundo. Ela procura dar respostas às interrogações do homem, abrangendo todas as valências do viver moderno, desde do espiritual ao social, passando pelo artístico e lúdico. O seu papel principal na actualidade é transformar o ser humano e a cidade com a mensagem e os valores morais e éticos do Evangelho de Jesus Cristo.
Há 20 anos no activo em Portugal, a Igreja Logos Comunhão Cristã é, actualmente, uma parte na diversidade do universo das igrejas evangélicas. Inicialmente fazendo uso das instalações do Hotel Roma, onde permaneceram durante o primeiro ano, e com consecutivas alterações nos últimos 20 anos, a Igreja Logos está actualmente instalada na Rua Gonçalves Viana, em Lisboa.
A Igreja Logos funciona segundo um sistema de células, contando, presentemente com 45 espalhadas por toda a Grande Lisboa. Em entrevista ao jornal «O Primeiro de Janeiro», o presidente James Reimer, Óscar Rodrigues e Jorge Pinto, respectivamente, vice-presidente e administrador, explicam que “logo que a pessoa recebe Jesus no seu coração como seu Salvador pessoal, é integrada de imediato numa célula, lugar de crescimento e edificação espiritual e social, tornando-se, simultaneamente, também, um membro activo e participativo na igreja. Este tipo de procedimento desenvolve uma certa identidade cristã de cunho familiar, trazendo uma maior consolidação na fé e no processo de adaptação à igreja. Procuramos incrementar um apoio mais personalizado, objectivo e profundo. Privilegiamos o relacionamento com ela, procurando ser um apoio amigo e envolvendo-nos na procura das soluções para os seus problemas.
Como igreja temos ministrado o poder do Evangelho de Jesus para a salvação integral do homem, tocando na área da cura física e interior, na área da libertação e na área da restauração de relacionamentos conjugais, familiares e outros. Por ser uma igreja formada em células podemos, com alguma eficácia, formar as pessoas espiritualmente, psicologicamente, socialmente, entre outras, de maneira a que elas possam, depois, levar outras pessoas a Cristo”.
Com a visão celular, os conceitos de Igreja passaram a ser diferentes, de maneira a tentar virar a actuação da Igreja para fora, mediante as questões «O que é que eu posso fazer lá fora? Quem é que eu posso influenciar pelo bem mostrando Jesus na minha vida !». De acordo com os nossos entrevistados, a Igreja é composta por relacionamentos. O que faz uma pessoa continuar ou não a frequentar a Igreja não é o culto que é realizado dominicalmente, mas são as pessoas que ela contém, pois são as ligações humanas que vão cimentando laços espirituais e fraternos, que as intempéries da vida e as mudanças repentinas na sociedade, jamais poderão abalá-las.
A nível de doutrina, a Igreja Logos diferencia-se por colocar uma grande ênfase na pregação da palavra, através de uma base não eclesiástica, mas bíblica. Dentro dos cultos, os três entrevistados referem que um bom tempo de adoração projecta e manifesta a presença de Jesus, e esta eleva o coração a Deus, o que torna eficaz e frutífera a pregação da palavra. Neste sentido, a Igreja Logos, Comunhão Cristã está dividida em várias escolas: “Temos uma escola em que formamos futuros líderes, uma escola de mestres, tipo seminário, e temos ainda uma escola ministerial, em que formamos pessoas com a vocação pastoral e afins. Enfatizamos muito o ensino da palavra, porque sabemos que ela produz a verdadeira fé cristã.
A nossa doutrina oficial é semelhante a de quase todas as igrejas evangélicas, pentecostais e carismáticas. Somos evangélicos porque enfatizamos o Evangelho; somos pentecostais porque enfatizamos o Pentecostes; e somos carismáticos porque enfatizamos todos os dons espirituais e ministeriais. Porém, a nossa ênfase primordial reside na salvação pela fé, na Bíblia como a nossa única regra de fé e prática, e no Espírito Santo que é fundamental para nos capacitar para evangelizar, para alcançar a santificação e fazer a obra de Deus no mundo”.
A Igreja abrange, actualmente, cerca de 300 pessoas de diversos sítios, e desenvolve várias actividades que se prendem essencialmente com o trabalho social, tendo criado uma associação, para que, por si só, possa realizar um trabalho de rua, alcançando as pessoas e falando de Jesus. Esta associação efectua apoio a idosos, sem-abrigo e desenvolve, em prisões, um trabalho social que remonta há cerca de 17 anos para acompanhar a reinserção dos presos na altura de saírem. Para além disso, tem efectuado, mediante parcerias, trabalhos com famílias carenciadas e também com mães solteiras.
Tendo como principais metas a criação de uma Igreja para servir a sociedade, os nossos entrevistados admitem a necessidade de haver números suficientes para que a sociedade seja marcada em termos do conceito da família e noutras componentes, de maneira a conseguir mudar completamente. No entanto, a sua opinião é que esta mudança acontece simplesmente através da transformação do indivíduo, não por um movimento político ou por alguma coisa externa, mas pela mudança das pessoas e de cada indivíduo. Estas mudanças aparecem, igualmente, de modo a estender a influência evangélica não só a nível nacional, mas também de maneira a exercer um trabalho a nível internacional: “Temos feito uniões de reconciliação com africanos e estamos a tentar fazer um trabalho na Ucrânia, na Rússia e na Sibéria, através de trabalhos missionários”.
No que respeita às grandes diferenças entre a Igreja Logos e a Igreja Católica, os nossos entrevistados admitem que, na mente das pessoas, a Igreja é vista como um edifício, uma instituição, no entanto, sublinham o conceito desta existir mediante o conceito individual de cada ser humano, mostrando a necessidade de se desmistificar a ideia de uma ida à Igreja como uma entrada num sítio em particular. Apesar das diferenças entre as duas igrejas, os nossos interlocutores admitem uma relação saudável entre ambas: “Fazemos parte da Fraternal e da Aliança Evangélica. Dentro da prisão, trabalhamos com a Igreja Católica, com uma organização chamada «Dar a mão», entre outras actividades. Não viramos as costas, não temos uma postura ofensiva contra a Igreja Católica, mas defendemos e privilegiamos a pureza do Evangelho de Jesus Cristo”.
Apesar do grande desconhecimento do que está na base das igrejas evangélicas, a Igreja Logos tem beneficiado de um bom entendimento por parte da comunidade envolvente, afirmando haver uma boa relação com a vizinhança. Mas tudo isto foi ganho, paulatinamente, com paciência e compreensão amorosa com o decorrer dos anos. Segundo os nossos entrevistados, os métodos de actuação da Igreja Logos, pioneira no uso de danças e de vários instrumentos musicais, fizeram desta igreja, ao longo dos anos, um espaço que dirimiu qualquer choque preconceituoso, envolvendo todos e criando uma boa aceitação na comunidade envolvente.
No fim da conversa, os nossos entrevistados terminaram com uma mensagem: “O nosso objectivo é levar todas as pessoas a conhecer pessoalmente Deus e Jesus Cristo, ter fé pessoal, uma vez que uma pessoa não precisa de outro mediador, que tenha essa fé em Deus e que essa seja uma mudança na sua própria vida e que a pessoa fique envolvida na transformação da vida dos outros. O nosso desejo é ver pessoas salvas e transformadas, para que possam gerar noutras pessoas a sua própria transformação, para que ninguém seja espectador, mas todos intervenientes numa fé activa. Numa época em que as pessoas estão viradas para coisas espirituais e esotéricas, é bom salientar que nem tudo o que brilha é ouro. Procurem de facto a vida espiritual que vem de Deus, fundamentada nas Sagradas Escrituras. Este mundo é perigoso e enganoso no que concerne à vida espiritual, porque tem becos e armadilhas que muitas vezes uma pessoa só descobre quando está completamente presa. Ninguém chega ao Pai a não ser, somente, por intermédio de Jesus Cristo, nosso Salvador e Senhor”.
“O Primeiro de Janeiro” – 18.02.2008 (www.oprimeirodejaneiro.pt – página não disponível)