pile of stones

A casa de Deus

Poucos dias antes da Páscoa o Templo estava cheio de pessoas vindas de todo o Israel para celebrar a festa. Elas não conseguiam trazer os seus animais para os sacrifícios exigidos, nem para a ceia da Páscoa. A distância era muito grande. Por isso, eram obrigadas a comprar os animais (kosher) no pátio do Templo. Antes desta festa tão importante, o Templo transformava-se num autêntico mercado. A procura criou uma oportunidade para inflacionar os preços, e os responsáveis aproveitavam-se destes peregrinos cansados. Na manhã de segunda-feira, precedendo a Páscoa, Jesus entrou no Templo e ficou irado com o que viu. Ele derrubou as mesas dos cambistas e dos que vendiam pombos enquanto clamava: “Não está escrito: A minha casa será chamada, por todas as nações, casa de oração? Mas vós a tendes feito covil de ladrões” (Marcos 11:17).

O propósito da Casa de Deus tinha sido pervertido por interesses próprios e legalismos. A reação violenta de Jesus a isso foi interpretada pelos Seus discípulos como o zelo do Senhor (João 2:17). Não foi a santidade do edifício que preocupou o Senhor, mas sim o propósito para o qual foi construído. Se o Templo deveria ser chamado a Casa de Deus, então ele precisava ser fiel à razão pela qual fora construído. Neste “pátio exterior”, que estava aberto a todos, deveria haver santificação, sacrifício, ofertas e orações. Este serviço exterior deveria refletir a condição interna do coração.

A primeira menção do conceito de Casa de Deus está no livro de Génesis. Jacó tinha fugido da ira do seu irmão e uma noite ele teve uma visão de um céu aberto, com anjos subindo e descendo de uma escada que se estendia para o céu. Ali o Senhor o encontrou e confirmou a bênção e o pacto Abraâmico com Jacó. Jacó levantou uma coluna e ungiu-a com óleo e chamou àquele lugar Betel, que significa Casa de Deus. Foi lá que Jacó prometeu servir ao Senhor e dar- -Lhe o dízimo de tudo o que iria receber (Génesis 28:17, 22). A Casa de Deus é um lugar para encontrar Deus e para Lhe responder em adoração e serviço.

Mesmo que a Casa de Deus, mais tarde, se tenha tornado o Tabernáculo e, em seguida, o Templo, nunca foi concebida para conter Deus ou ser igualada a Deus. O profeta Isaías pronuncia a intenção do Senhor quando diz: “O céu é o meu trono, e a terra o escabelo de meus pés, que casa me edificareis vós? E qual seria o lugar do meu descanso? … mas para esse olharei, para o pobre e abatido de espírito e que treme da minha palavra” (Isaías 66:1-2). Deus deseja morar no homem e manifestar a Sua presença na vida do Seu povo. Betel foi a experiência que Jacó teve, e a sua posterior transformação, tornando-se Israel (Génesis 35:1-10).

Na purificação do Templo, Jesus estava a enfrentar um povo que se afastara de um relacionamento com Deus. O edifício não O preocupava, pois já tinha profetizado acerca da sua destruição. Ele estava a preparar outra casa, não feita pelo homem, mas para o homem: uma morada no Espírito, onde a verdadeira adoração teria lugar e a presença de Deus seria manifesta. É a casa que Jesus construiria em três dias (João 2:18-22). É o Corpo ressurrecto de Cristo. Em Cristo temos comunhão. Em Cristo vivemos, nos movemos e existimos. Em Cristo somos família. A Igreja, o Seu Corpo, é a Sua e a nossa morada. A Igreja é a Sua Casa.

Escrituras para meditar
Génesis 28:17, 22; 31:13; 35:1, 3, 10; Isaías 56:7; 66:1-2; Malaquias 3:10; Marcos 11:17; João 2:16-17; 14:2; 1 Timóteo 3:15

[Read the devotional «The house of God» in English.]

Devocional incluido na coleção 52 Devocionais.

Abençoe o ministério do Pr. James Reimer, adquirindo estes livros.

Similar Posts

  • ·

    Fecha a porta

    Muitas vezes, pergunto-me porque os discípulos pediram a Jesus que os ensinasse a orar. Geralmente, as pessoas aprendem a orar ao ouvir alguém orar. Eu descobri que em diferentes movimentos eclesiásticos e denominações as pessoas oram de forma diferente. Mesmo os “maneirismos” são diferentes de igreja para igreja. Os discípulos de Jesus notaram que os…

  • ·

    Resolver problemas

    Nós, facilmente chegamos a conclusões quando somos confrontados com um problema. Impetuosamente declara-se: “não há cura”, ou “ele nunca vai mudar”, ou “eu estou falido”, como um meio de lidar ou fugir dos nossos problemas. Já te ocorreu que os pensamentos de Jesus são mais altos do que os teus? Que os Seus caminhos estão noutro nível do que os deste mundo? Ele não está sujeito às circunstâncias, como tu pareces estar, mas está muito acima delas. A Sua Palavra, “cura todas as nossas enfermidades”, (Salmo 103:3), cancela a sentença de morte que uma doença pode declarar.

Deixe um comentário

This site uses Akismet to reduce spam. Learn how your comment data is processed.