O tesouro do escriba

Ao falar sobre o Reino de Deus, Jesus comparou um escriba, discípulo do reino, a um proprietário que tira do seu tesouro coisas novas e velhas, (Mateus 13:52). Os escribas, nos dias de Jesus, quando ensinavam as Escrituras nas sinagogas, passavam a maior parte do tempo a citar rabinos venerados. Eles sabiam como ensinar a partir do Torá, validando com os comentários do Talmud, mas eles não podiam compreender a Verdade da Nova Aliança que Jesus ensinou. Ele chamou-os cegos que guiam outros cegos. Eles não conseguiam ver a floresta pelas árvores. Esta nova era estava diante deles, mas eles estavam a olhar para o passado.

Um dia o meu pai estava sentado na nossa sala de estar, onde tinha a minha biblioteca e, sem mais nada para fazer, ele começou a contar os livros na minha estante. Quando voltei para casa, ele perguntou-me se eu sabia quantos livros tinha. Eu respondi que não tinha a mínima ideia. Ele respondeu: Tens 2.655 livros. Esses livros representam 8 anos de ensino superior, e 38 anos de ministério. Eles são as ferramentas do meu ofício. Para além destes livros eu tenho mais de 20 pastas de esboços de sermões e materiais de seminários que eu compilei ao longo dos anos. Estes são os meus “velhos” que tiro uma e outra vez, mas quando me sento, para preparar um sermão ou escrever um livro, eu preciso da “nova” revelação que vem do Espírito Santo.

Há duas palavras na língua grega para se referir à Palavra de Deus: Logos e Rhema. Logos fala da revelação geral ou completa de Deus. Jesus é a personificação ou melhor, a encarnação da palavra, Logos (João 1:1). Rhema é mais específico. É a palavra falada. É o Logos (completo), soprado pelo Espírito Santo, que traz conhecimento e revelação ao nosso entendimento. A fé vem pelo ouvir a Palavra (Rhema) de Deus (Romanos 10:17). O conhecimento incha, mas a revelação edifica. O que Deus falou no passado através dos profetas agora está a falar por meio do Seu Filho, (Hebreus 1:1).

As parábolas de Jesus apontam para a Nova Aliança que Ele veio estabelecer, através do derramamento do seu sangue na cruz. Ele estava a dizer que Ele não veio para abolir a aliança anterior, mas para cumpri-la. Não devemos deitar fora o velho só porque agora temos o novo, mas devemos valorizar todos os mandamentos, promessas, preceitos e ensinamentos. Se tivéssemos um par de sapatos velhos que já não tivessem reparo, estou certo de que gostaríamos de deitá-los fora. Mas, se tivéssemos algumas moedas de ouro antigas ou algumas joias preciosas, empoeiradas e manchadas, não nos descartávamos delas tão facilmente. Algumas coisas simplesmente não perdem o seu valor com a idade. O Espírito Santo toma as antigas verdades e ilumina-as com novas formas e ilustrações. Ele mostra como o antigo e o novo se encaixam, em vez de se contradizerem.

Precisamos lembrar o que Deus tem dito e feito no passado. Devemos guardar isto em nossos corações. É do que temos guardado nos nossos corações que nasce o que é novo. O Espírito Santo foi enviado para nos guiar em toda a verdade. Quando nos dedicamos ao estudo da Palavra de Deus, receberemos a revelação e sabedoria para as nossas vidas. Jesus disse que um homem bom, do seu bom tesouro tira o bem, (Mateus 12:35). O que é que tens armazenado? O que é que estás a armazenar agora?

Escrituras Para Meditar:
Mateus 13:52; 12:35; Josué1:1-8; Salmo 119:14, 72, 127, 162; Provérbios 4:23

[Read the devotional «Two are Better than One» in English.]