Graça

Se soubesses que só tinhas um mês de vida, como te prepararias  para te encontrares com o Senhor? Fiz esta pergunta a várias  pessoas e muitas das respostas têm a ver com o alinhamento das  suas vidas com as atividades que a maioria dos cristãos associa ao  facto de ser um bom cristão. Respostas como: “Vou orar mais e  passar mais tempo a estudar a Bíblia”. Outros: “Darei mais e porei  em dia os meus dízimos”, ou, “envolver-me-ei em ajudar os menos  afortunados do que eu”. Tudo isto são coisas boas a fazer, mas revela  que a garantia da tua salvação é baseada no desempenho e não na  graça. A Bíblia diz isto sobre a nossa salvação: “Porque pela graça  sois salvos por meio da fé; e isso não vem de vós; é dom de Deus.  Não vem das obras, para que ninguém se glorie” (Efésios 2:8-9).  

A graça é um conceito único para a Fé Cristã. Tem que ver com  receber aquilo que não se merece. Noutras religiões, tal como na  mentalidade secular, a justiça, o favor e as recompensas são baseados  em mérito e desempenho. Recebes o que mereces. Mesmo os actos  benevolentes de perdão e caridade são condicionados às atitudes  de arrependimento e gratidão do receptor. A graça, por outro lado,  é um favor não merecido, e muito mais. Não é uma reacção à  mudança de coração do homem, mas precede qualquer tentativa  do homem de ser bom ou de se aproximar de Deus. Paulo disse aos  Romanos que o amor de Deus tomou a iniciativa pois, enquanto  ainda éramos pecadores, Cristo morreu por nós (Romanos 5:8).  Então, a salvação foi oferecida à humanidade pecaminosa. Isso é  graça. Todo o nosso arrependimento, confissão, crença, oração,  etc., é uma resposta à graça que nos foi dada. 

Para compreender a graça seriam necessários volumes, e muitos  teólogos famosos fizeram exactamente isso, por isso permitam-me  ser suficientemente audaz para tentar explicar isso em apenas alguns  parágrafos. A graça é Deus a fazer o que não merecemos. A graça é a  plenitude de Deus na nossa vida e o Seu poder a trabalhar ao nosso  favor. A graça não se limita a iniciar a nossa caminhada com Deus  e depois deixa-nos sozinhos o resto da vida. A Graça é essencial todos os dias da tua vida. Paulo confessou que pela graça ele era o  que era (1 Coríntios 15:10). Todos os seus feitos não eram para ele  se vangloriar, pois era a graça de Deus que trabalhava nele e através  dele. Quanto mais Paulo caminhava com o Senhor, mais estava  consciente da sua necessidade e dependência da graça de Deus.  Sem graça, ele não podia fazer nada, contudo, pela graça ele podia  cumprir o propósito de Deus para a sua vida. E assim é connosco. 

Não sei se compreendo realmente tudo o que concerne a Salvação,  mas uma coisa em que estou a crescer é na compreensão de que só  pela graça de Deus podemos fazer a Sua vontade. Todos os ministérios  e dons do Espírito Santo são a graça de Deus que nos foi dada.  Os primeiros apóstolos testemunharam a ressurreição através de  grandes manifestações do poder de Deus, porque a grande graça  estava sobre eles (Atos 4:23). Quando questionados sobre a fonte do  seu poder, explicaram que não estava relacionado com eles próprios,  mas que era Deus a trabalhar através deles. A graça mantém-nos  humildes. Quem pode ficar com os louros do que Deus faz, mesmo  sendo vasos de barro através dos quais Ele trabalha?  

A graça está sempre disponível para nós. Quer estejamos a  enfrentar problemas insuperáveis ou apenas a lidar com as questões  da vida, a graça de Deus é sempre suficiente. Crescer na graça é crescer  para baixo, não para cima. É o tornar-se menos autoconsciente e  mais consciente de Deus. Onde o Espírito te levar, terás sempre  toda a graça de que necessitas. Não é um estado inactivo, mas uma  capacitação para participar na missão de Deus aqui na terra. E não  é apenas para este tempo presente. A graça é eterna e conduz-nos à  vida eterna com Jesus Cristo (Romanos 5:21).

Escrituras para meditar
Efésios 2:8-9; Atos 4:33; João 1:14, 16; 2 Coríntios 9:8; 12:9; Romanos 11:6

[Read the devotional «Grace» in English.]