Uma questão de perspectiva

A chávena está meio cheia ou meio vazia? A tua resposta mostra  se a tua perspectiva tem a tendência a ser positiva ou negativa.  As nossas perspectivas são as conclusões que tiramos na  observação de uma dada situação ou pessoa. Envolve o teu ponto  de referência e atitude que, muitas vezes, são condicionados pela  cultura e pela forma como a pessoa foi educada. A perspectiva de  uma pessoa pode mudar à medida que cresce, ganha percepção e  se envolve em novas experiências e relacionamentos. Por exemplo,  uma pessoa pode ter um preconceito acerca de pessoas de uma  raça ou nacionalidade diferente até que viaje para essa nação e/ ou seja amigo de uma pessoa dessa raça. A sua perspectiva muda  então de julgamento para interesse e de crítica para apreciação.  

Sou fascinado pelas diferentes perspectivas representadas no  único acontecimento da entrada triunfal de Jesus em Jerusalém.  Em João capítulo 12 vemos Jesus a cumprir a Escritura ao entrar  na cidade montando num jumento. Há uma grande multidão  a abanar ramos de palmeira e a gritar: “Hosana! Bendito o Rei  de Israel que vem em nome do Senhor!” (v.13). A perspectiva  da multidão era de que este acontecimento marcaria o início  do reinado messiânico e o fim da opressão romana. A saudação,  “Hosana” era uma declaração de que a ajuda tinha chegado.  A sua perspectiva fora influenciada por uma expectativa de uma  revolução política.  

No versículo 19 vemos a perspectiva dos fariseus. Eles viam  este acontecimento como uma ameaça à sua posição privilegiada  e à sua prosperidade. O seu comentário foi: “…Vedes… eis que  vão após ele.” Aos seus olhos isto não era uma viragem positiva de  acontecimentos. “Luzes vermelhas” acenderam-se nas suas cabeças  enquanto imaginavam qual poderia ser a reacção de Roma. Uns  versícuilos mais à frente nesta narativa, lemos que alguns gregos  também estiveram presentes neste evento. Podemos imaginar o  que poderia ter sido a sua perspectiva. Sabemos que no versículo  21 eles estão a falar com André e Filipe sobre como organizar uma entrevista com Jesus. Eu acho que estes gregos queriam convidar  Jesus para ir a Atenas. Com a Sua popularidade e unção, Jesus será  um grande “sucesso” no ambiente culto da Grécia.  

Posso imaginar André e Filipe a saltar com grande  empolgamento. Uma tour mundial! O ministério de Jesus estava  prestes a tornar-se internacional. Uau! O tempo de Jesus tinha  chegado. Na perspectiva deles, a glória e a fama de Jesus também  aumentariam a importância deles. Jesus respondeu: “É chegada  a hora em que o Filho do Homem há de ser glorificado” (v.23).  Consigo ouvir estes dois discípulos dizer: “Sim! Está na hora!”  Mas a perspectiva de Jesus era diferente. Ele começou a falar de  uma semente a cair na terra e a morrer. Era como se Jesus estivesse  numa página completamente diferente. Na agonia desta pressão  para se conformar com as perspectivas dos outros, Jesus gritou:  “Pai, glorifica o teu nome” (v.28). Com isto os céus abriram-se  com a perspectiva audível de Deus: “Já o tenho glorificado, e  outra vez o glorificarei.” 

Deus olha para os assuntos do homem com uma perspectiva  celestial. É a perspectiva da eternidade. Deus sabia que a morte  seria vencida, que através da cruz todas as pessoas seriam atraídas  a Jesus. A perspectiva de Deus olha para além do presente, para  o futuro. Foi pelo gozo de ver o nome de Deus glorificado e a  salvação chegar à humanidade, que Jesus pôde suportar a cruz.  A cruz, na perspectiva do homem era negativa, mas na perspectiva  de Deus era positiva. A sexta-feira em que Cristo foi crucificado  tornou-se a Sexta-feira Santa. Essa é a perspectiva de Deus. 

Escrituras para meditar
João 12:12-32, 45; Isaías 55:8; Hebreus 12:2; Mateus 16:13-17

[Read the devotional «A Matter of Perspective» in English.]